Sobre a educação em Esparta e Platão

A EDUCAÇÃO NA CIDADE IDEAL DE PLATÃO: CONTINUIDADE E RUPTURA COM OS MODELOS EDUCACIONAIS DE ATENAS E ESPARTA

Suelen Pereira da Cunha (1), SABERES, Natal RN, v. 1, n. 14, Out. 2016, 51- 64.

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo demonstrar os aspectos de semelhança e diferença entre a Cidade-Ideal de Platão e as cidades-Estado de Atenas e Esparta, mediante a análise dos principais aspectos de tais cidades. Deste modo, será evidenciado os pontos de continuidade e ruptura. De forma a concluir que não é possível construir uma nova sociedade sem ter como referência outra já existente, pois é na disposição de cada elemento que o novo será estabelecido. Este trabalho está fundamenta da obra A República de Platão.

Palavras-chave: Platão. Cidade Ideal. Atenas. Esparta.

INTRODUÇÃO

Não raras vezes utilizada como instrumento de manutenção e desenvolvimento da sociedade, à educação é dado o papel de perpetuar os valores e crenças daqueles que a fazem. Neste sentindo, Platão, ao propor uma Cidade Ideal, o faz com base na educação de seus cidadãos. Contudo, tal educação é por ele descrita após analisar a educação de seu tempo, isto é, após a crítica aos escritos dos poetas.

Na verdade, a crítica platônica era contra os sofistas (inclusive contra os sofistas que se disfaçavam de poetas para não serem perseguidos pelos oligarcas.

Frente a estes fatos, pode-se inferir uma tentativa de ruptura com aquilo que é conhecido, uma vez que ao criticar aqueles que seriam os educadores da Hélade, como é o caso de Homero (2), é evidenciado o desejo de ruptura. Assim, ao passo que Platão discorda do sistema de seu tempo, ele propõe outro. À vista disso, tem-se que a Cidade Ideal proposta por Platão na República não é fruto somente da reflexão, de maneira que cabe questionar até que ponto os sistemas educacionais por ele vivenciados influenciaram em sua proposta.

Platão não discorda do sistema de seu tempo e som da educação na democracia ateniense. Ele concorda com o sistema de seu tempo vigente na autocracia espartana.

Deve-se, então, analisar as cidades-Estado de Atenas e Esparta, a fim de verificar quais as influências dessas na Cidade Ideal platônica. Para tanto, este trabalho é norteado pela questão: até que ponto uma nova proposta educacional conserva elementos já existentes naquelas sociedades com quem deseja romper? Para que seja possível solucionar tal problemática, são apresentados os principais aspectos educacionais da sociedade ateniense e espartana. Desta maneira, parte-se da ideia de que as mencionadas cidades-Estado, cada uma a sua maneira, são quem melhor representam o espírito helênico na Grécia clássica, de modo que seja possível demonstrar que há entre elas e a Cidade Ideal platônica um ponto de continuidade.

Portanto, é a tensão entre o desejável e o já existente que possibilita que algo novo surja, dado que é naquilo que já é, ou seja, naquilo que está como referência, que os novos elementos se apoiarão. Assim, cada ponto de referência, ainda que não seja totalmente novo, possibilita que os novos padrões educacionais sejam únicos. De modo que haverá uma continuidade entre a velha e a nova sociedade e suas respectivas formas educacionais, ainda que haja uma ruptura com aquilo que já está posto.

Qual “nova sociedade” propunha Platão quando defendia a educação espartana? Aquela que derivou do vetusto tribalismo patriarcalista dório?

I. ATENAS E ESPARTA: PORTADORAS DO ESPÍRITO GREGO.

O espírito da polis grega pode ser expresso, no século IV a.C., pela educação militar espartana e pelo Estado jurídico de Atenas, pois estas duas cidades-Estado eram grandes potências, Atenas com sua filosofia e moralidade e Esparta com sua disciplina e educação militar (3). Assim, para compreender o espírito grego daquela época se faz necessário entender como se desenvolveram estes dois povos, espartanos e atenienses. Ora, a Grécia não era um Estado unificado como os Estados modernos, mas um conjunto de povos (démos) que eram reunidos por uma mesma língua. Neste sentido, a Hélade era formada por cidades-Estado independentes que possuíam costumes e hábitos diferentes, ainda que a religião politeísta e a língua fossem as mesmas.

Devido aos elementos de unificação dos povos foi possível desenvolver ações que levaram à interação entre aqueles que constituíam a Hélade. Exemplos de tais meio de interação eram: os jogos Olímpicos, os festivais dionisíacos (4) e a união das cidades-Estado nas lutas Médicas (5). Entretanto, apesar dos pontos de unificação, as cidades-Estado helênicas viviam em constantes conflitos, principalmente as duas potências da época, Esparta e Atenas, cidades-Estado cujo poder econômico e bélico eram admiráveis. Estas cidades-Estado só lutaram lado a lado contra as invasões Persas, quando foi formada a Liga de Delos (6) que, mesmo perdendo o sentido após a guerra, permaneceu existindo sob o jugo de Atenas. De maneira que, depois de vencer os Persas, pouco a pouco, “a Liga de Delos se foi convertendo num império ateniense, de que os aliados eram compelidos a participar e para a qual eram forçados a pagar a contribuição que fora fixada por Aristides, convertendo-se esta, praticamente, num tributo” (7).

Ainda sobre o caráter heterogêneo dos povos helênicos, é preciso saber o porquê de Esparta e Atenas serem tão diferente quanto a sua administração e organização. Ocorre que, paralelo à vitória nas guerras Médicas, que elevou Atenas a uma potência, tem-se que levar em consideração que internamente esta cidade-Estado oscilava entre períodos de tirania e democracia. A cada momento de tirania superado se seguia um de democracia mais forte e consistente, pelo menos no interior do território ateniense. Logo, se por um lado a democracia tinha lugar no que diz respeito à administração, isto é, na vida política no interior da polis, por outro lado, fora de seu território imperava a tirania de Atenas para com seus confederados da Liga de Delos; já que Atenas se impunha devido ao seu poder marítimo (8).

A autora não se dá conta que a democracia nunca foi aplicável à política externa (quer dizer, à guerra). E os atenienses do século 5 tinham plena consciência de que, quando guerreavam, apresentavam um comportamento a-político.

Durante muito tempo os Espartanos não interferiram no modo como Atenas dirigia a Liga de Delos, contudo, a ameaça de ataque a Corinto, principal aliada de Esparta, levou a Guerra do Peloponeso (431 – 404 a.C) (9). A guerra entre a liga de Delos (que era composta por Atenas e seus aliados) e a Liga do Peloponeso (composta por Esparta e seus aliados) durou 27 anos, findando com a vitória de Esparta. O fim do séc. V a.C. e início do século IV a.C. foi marcado por tal disputa, levando as duas cidades-Estado a ficarem em evidência tal que Aristófanes, na peça Acarnenses, escreveu sobre a dificuldade dos démos frente aos ataques de Esparta e o desejo de paz de Diceópolis, que como o próprio nome indica, representava a Cidade Justa (10).

Neste sentido, pode-se dizer que a vida de Platão (428/427-348/446ª.C.) transita entre o período áureo da democracia ateniense e o fim do período helênico (11). No que tange à educação ateniense deste período, destaca-se a educação por meio da preparação física nos ginásios e o comportamento cívico por meio da poesia, principalmente, de Homero, que era considerado por muitos como o grande educador da Hélade (12). A educação ateniense tinha início aos 7 anos de idade, quando o menino era conduzido ao ginásio pelo pedagogo e também aprendia as artes das musas, para que pudesse, através da assimilação dos mitos homéricos, que narravam os grandes feitos dos Deuses e Heróis, aprender a ser um bom cidadão. Acontece que o ideal de homem em Atenas estava ligado a figura dos deuses e heróis, ou seja, estava ligada a Areté.

Não é verdade. A Atenas democrática era uma cidade-educadora, como revelou Péricles no seu célebre discurso após o primeiro ano da guerra do peloponeso (registrado por Tucídides).

Desde o período arcaico, a Areté não dizia respeito somente à virtude, mas a própria descendência dos deuses e heróis (13), o que culminava no fato de os homens atenienses detentores desta areté serem, necessariamente, aqueles pertencentes à aristocracia (14). Já no período clássico, com a expansão do mercado, muitos negociantes, ainda que não fizessem parte da aristocracia, viam na educação uma oportunidade para que seus filhos pudessem ter voz na assembléia (ekklésia). À vista disso, muitos jovens, e destacam-se aqui os filhos dos comerciantes bem sucedidos, tiveram sua educação confiada aos sofistas. Nesta análise, o que deve ser destacado sobre a educação ateniense é a educação pelo mito e o incentivo as virtudes cívicas, que habilitava os homens a estarem em evidência nos assuntos da Ágora. Sobre este assunto, Platão, no Protágoras, relata:

Administram o ensino deles e os corrigem desde sua mais tenra infância até o último dia de suas próprias vidas. Tão logo uma criança compreende o que lhe é dito, a ama de leite, a mãe, o tutor da criança e o próprio pai não poupam esforços para que a criança se torne o melhor possível […] e quando as crianças aprendem a ler e escrever e passam a compreender a palavra escrita […] recebem obras dos bons poetas para as lerem em classe, tendo também que aprender de cor (15).

É preciso estar atento ao fato de que após o período de formação oferecido pela cidade-Estado havia, anualmente, os festivais dionisíacos, que era uma forma de educar o povo por meio dos concursos de comédia e tragédia. Os festivais dionisíacos era um instrumento importante para formar a consciência dos cidadãos. O que pode ser facilmente visto nas peças de Aristófanes (16), onde o comediógrafo incitava o povo a pensar na forma de administração do Estado e na super valorização dada aos tribunais por alguns dos seus concidadãos. A nova educação introduzida pelos sofistas (17) também foi um importante instrumento de formação naquele período.

Não diga?

Quanto à cultura espartana, esta tinha necessidade de ter uma educação guerreira, de modo que seu militarismo passou a ser um modo de administrar o Estado. Neste sentido, é dito que “[…] dentro da própria Grécia, o militarismo de Esparta sugeriu uma solução política baseada no sacrifício das liberdades individuais em nome da disciplina e da ordem social” (18). Para entender tal necessidade é preciso saber quem eram os espartanos e por quem era habitada sua cidade-Estado.

Necessidade?

Os espartanos eram um povo de origem dórica e o local onde se estabeleceram foi tomado dos povos vizinho, dos quais muitos passaram a viver como escravos. Neste sentido, “[…] a primeira coisa a levar em conta é que os Espartanos constituíam, entra a população, apenas uma reduzida classe dominante” (19). Os espartanos viviam em um estado de sítio, pois a maioria de sua população não era de espartanos e poderiam, a qualquer momento, se rebelar, em razão de os hilotas, antigos donos das terras, lá viverem como escravos. Para proteger o território e seu povo, os espartanos necessitavam ser muito bons na guerra. No entanto, só o contingente de homens não era suficiente para a proteção da cidade, frente às ameaças internas e externas ao território (20).

A autora se refere aos 20% dos esparciatas (os descendentes dos dórios, os verdadeiros membros da organização espartana). Guerra contra os escravizados era uma guerra interna? Isso é uma “necessidade” ou um atributo do regime autocrático?

Devido a sua população ser pequena em comparação com a população total de Esparta, todos os de origem dórica, homens e mulheres, deveriam ser treinados na arte da guerra, o que os fez um povo guerreiro. Algo a ser destacado na educação de Esparta, que não ocorria na educação de Atenas, é o fato das mulheres terem quase a mesma educação que os homens (21). Contudo, ao contrário do que se costuma pensar, isso não se devia a uma maior tolerância e valorização da mulher pelo povo espartano, mas a uma necessidade que tem origem: 1° no fato de terem mulheres que soubesse lutar e que pudessem proteger a cidade no caso de uma rebelião, quando os homens estivessem em guerra fora da cidade e, 2° no fato deles acreditarem que as mulheres mais fortes gerariam bons soldados (22).

Esparta coexistia com um inimigo interno.

II. A cidade ideal de Platão.

Paralelo à Hélade existente no séc. IV a.C., tem-se a proposta de uma Cidade Ideal, feita por Platão, cujas bases deveriam estar pautadas, impreterivelmente, no conceito de justiça. Isso se daria porque, como assegura Pappas “a reforma educativa de Platão intenta a transformação da sociedade, no seu todo” (23). Portanto, seria a partir de uma educação milimetricamente projetada que uma nova sociedade seria erigida. O processo educativo incluiria todos os momentos da vida do cidadão, a depender de suas habilidades, até os 50 anos de idade (24). Alguns aspectos dessa cidade proposta devem ser analisados para que seja possível entender o papel da educação na cidade.

Sim, o projeto de Platão era um projeto de educação, não propriamente um projeto político (na verdade, era um projeto antipolítico).

O primeiro é a crítica ao mito da época, feita por Platão, e a proposta de um novo mito. A educação helênica estava fundamentada nos escritos homéricos, que, segundo o Filósofo, ainda que fossem belos, não poderiam regulamentar as bases cívicas de uma cidade, pois mostrava deuses e heróis com atitudes de medo, covardia ou cujas ações eram guiadas por seus desejos. Diante disso, seria necessário censurar tudo que não estivesse de acordo com os valores da cidade. Platão, então, propõe: “Consequentrmente, teremos de, antes de mais nada, supervisionar os contadores de histórias e executar uma censura de suas histórias. Faremos uma seleção de suas fábulas, aprovando as boas ou belas e rejeitando as que não o são” (25).

Isso aqui lembra o “controle social da imprensa” e das atividades culturais. Na verdade um controle estatal.

A justificativa da censura ocorre na medida em que é afirmado que os jovens não saberiam distinguir o que é alegórico do que não é, absorvendo, então, os comportamentos indesejados, como o de rivalizar contra os pais ou irmãos (26). Logo, ao passo que não se desejava tais comportamentos na Cidade Ideal, eles não deveriam aparecer como atitudes de deuses e heróis. Relativo à educação pela poesia, ao discutir sobre o tipo e a forma das narrativas que deveriam ser feitas pelos guardiões da cidade, Platão introduz o problema da imitação na tragédia e comédia. De maneira que, a partir da crítica tanto da comédia, quanto da tragédia e da poesia, seja a homérica seja a de Hesíodo, ele chega à conclusão do tipo de narrativa e a forma com que ela deveria estar na Cidade Ideal. É dito:

Se então conservarmos a primeira opinião […], então não seria conveniente que eles fizessem ou imitassem outra coisa; e, se imitarem, imitem as coisas que lhe são úteis, logo a partir da infância: ser corajoso, sensato, piedoso, generosos e tudo quanto a isso se assemelha; mas que não devem praticar nem ser capaz de baixezas, nem qualquer outra coisa vergonhosa (27).

Tal modo de imitação e a própria rejeição da comédia e da tragédia estão pautadas no mesmo princípio de divisão de tarefas da cidade, a saber, o de que cada indivíduo só poderia se ocupar de uma atividade. Esta regra sustenta a ideia de que uma pessoa não poderia interpretar, ou mesmo narrar, mais de um tipo de sentimento; com esta ideia foram abolidos os dois principais gêneros literários que servia para educar os cidadãos em Atenas nos festivais dionisíacos, a comédia e a tragédia. O argumento apresentado por Platão para tais mudanças é de que aquelas imitações fariam dos guardiões (28) homens mais medrosos e covardes, devido ao contato com sentimentos de medo e covardia. Uma vez estabelecido o que não deveria conter nas narrativas e imitações mítico-poética é a vez de estabelecer o que seria aceito na cidade.

A única forma de narrativa aceita por Platão seria a imparcial, na qual o narrador estaria completamente fora da história, não podendo transferir para a sua narrativa nenhum tipo de sentimento que pudesse influenciar os guardiões. Além das narrativas imparciais, os únicos feitos que deveriam ser narrados seriam aqueles que transparecessem as virtudes, principalmente os atos de justiça, posto que seria sobre esta virtude que a cidade deveria estar alicerçada.

Bem, acho que quando um homem moderado lida com o discurso ou as ações de um homem bom em sua narrativa, desejará relatá-los como se ele próprio fosse esse homem, e não se envergonhará desse tipo de imitação. […] Quando, contudo, ele lida com um caráter indigno de si mesmo, não se mostrará disposto a seriamente assemelhar-se a esse caráter inferior, exceto, talvez, por um breve período no qual tal personagem está realizando algo bom (29).

O segundo ponto a ser analisado na Cidade Ideal é o mito sobre o qual seria fundada a cidade. Neste sentido, havia a necessidade de implantar bases sólidas sobre as quais a cidade deveria ser estabelecida. A fim de manter a ordem, um mito seria usado para convencer aos habitantes de que as leis devem ser seguidas, isto em razão de que, “para Platão, o mito constitui a ‘via humana mais curta’ para a persuasão” (30). O mito responsável pela tarefa de manutenção da ordem de classificação dos cidadãos, a saber: trabalhadores e agricultores; guardiões e governantes, é semelhante ao mito fenício no qual todos os homens nasceram da terra e, por consequência, seriam irmãos. Entretanto, ainda que nascidos da terra, o deus que os fez teria misturado diferentes elementos em cada raça de homem, fazendo com que eles fossem diferentes uns dos outros (31).

Os elementos que as raças teriam sido feitas são: ouro, prata, ferro e bronze. Os governantes e auxiliares seriam aqueles forjados no ouro e prata; os agricultores e outros trabalhadores, em ferro e bronze. Os homens que teriam origem no ferro e no bronze seriam os responsáveis pelas produções, sendo caracterizados pelas classes dos artesãos e agricultores; os de prata seriam os guardiões da cidade e os de ouro, os governantes. Cada classe teria uma função específica que seria legitimada por sua própria natureza (32). O interessante na colocação de Platão é que, mesmo com tal divisão, ele tomou precauções para que a organização da cidade não culminasse em uma aristocracia hereditária. O que foi possível com a afirmação de que todos adviriam da terra e que por isso poderia acontecer de pessoas da raça de ouro e prata gerarem filhos de bronze e ferro e vice-versa.

Não é bem classe (social) e sim raça (antissocial).

Platão sabia que não seria possível convencer indivíduos adultos a crer neste mito e, portanto, a cidade deveria ser construída não com adultos, mas com crianças que poderiam, por meio da educação, ser moldadas nos parâmetros necessários para que a cidade pudesse vir à existência. Tem-se, então, que todo método educacional deveria ser criado para a manutenção da organização da Cidade Ideal platônica. O método educativo estabelecido foi o da educação pela poesia, porém não mais as poesias homéricas, e sim aquelas que estivessem de acordo com os valores que se desejava na cidade. De modo que o mito de nascimento dos homens regulamentaria a ordem e divisão da cidade.

Algo interessante ocorre na Cidade Ideal platônica, a educação é de plena responsabilidade do governo. Toda criança nascida na Cidade Ideal seria confiada ao governo e deveria ser educada nos moldes da cidade, de modo que a cada estágio ultrapassado ela seria designada a pertencer a um novo nível. Contudo, é valido lembrar que a divisão dos cidadãos em classes não significava uma hereditariedade, posto que qualquer pessoa, a depender de suas aptidões, poderia chegar ao cargo de governante; cargo considerado o mais importante e respeitável, porquanto diz respeito à manutenção da cidade e sua perpetuação. Entretanto, para chegar ao cargo de governante era necessário passar por inúmeros estágios.

Estes estágios seriam constituídos, primeiramente, pela prática da ginástica; no segundo momento, pelo aprendizado da música e poesia; no terceiro, das matemáticas e a dialética (33). Ao fim dos estudos, os melhores homens poderiam ser nomeados governantes, visto que já teriam provado serem os indivíduos mais corajosos, estáveis e sábios. A sabedoria seria uma virtude indispensável ao governante, já que a cidade se trataria de uma sofocracia. Ou seja, uma cidade governada por homens sábios, ou melhor, por filósofos. Sendo este o motivo pelo qual o critério final da escolha do governante consistiria no domínio da dialética, que só seria alcançada após os 50 anos, quando os homens se dedicariam somente à filosofia e ao governo supremo da cidade.

Aristocracia = aristoi, os melhores.

Outro ponto que merece destaque nesta análise da Cidade Ideal platônica frente às cidades-Estado de Esparta e Atenas é o papel das mulheres. Isso porque, na Cidade Ideal de Platão as mulheres receberiam a mesma educação que os homens. Fato que permite, pelo menos a priori, pensar que há uma igualdade entre homens e mulheres nesta nova sociedade. Apesar de tais indicativos, não se trataria de uma igualdade completa, em razão de que, na República, Sócrates e seus interlocutores chegarem à conclusão de que mesmo que homens e mulheres possam ter as mesmas aptidões, o homem é mais forte que as mulheres. Neste sentido, é dito:

Por conseguinte, não há um modo de vida ou atividade dos administradores de um estado que diga respeito a uma mulher porque ela é uma mulher ou a um homem porque ele é um homem, mas sim as várias capacidades naturais estão distribuídas da mesma forma entre esses dois seres vivos. As mulheres partilham, por natureza, de todos os modos de vida tal como os homens, porém, em todos, as mulheres são mais fracas do que os homens. […] Portanto, homem e mulher são naturalmente idênticos no tocante à guarda do Estado (34).

III. A RELAÇÃO ENTRE A GRÉCIA CLÁSSICA E A CIDADE IDEAL PLATÔNICA.

Como pôde ser observado, as duas culturas que mais influenciaram a atual concepção de Grécia clássica são as das cidades-Estado de Atenas e Esparta. Cada uma delas, ainda que fazendo parte daquilo que é denominado como povo Helênico, eram muito diferentes no que dizia respeito às suas culturas e administração pública. Atenas tinha a sua atenção voltada para o desenvolvimento da democracia e para isso voltava à administração da cidade, de modo que havia, inclusive, incentivos financeiros para que as pessoas pudessem participar dos tribunais. Esparta, por sua vez, era uma cidade-Estado genuinamente guerreira, devido às condições de seu território. À vista disso, toda a administração de Esparta, inclusive a educação das crianças, girava entorno da arte bélica.

Ao comparar a Cidade Ideal platônica com a Grécia clássica, é preciso ter em mente que, ainda que se fale em Grécia, não é possível se limitar a pensá-la como um país unificado, mas fragmentada por cidades-Estado independentes. Deste modo, se faz necessário compreender que a ruptura feita por Platão, ao propor a Cidade Ideal, concerne a uma ruptura com a cidade de Atenas, que era a cidade de nosso filósofo. Pessanha parece ser concorde com esta opinião quando afirma que “a crítica à democracia ateniense e a procura de soluções políticas do mundo grego foram preocupações centrais da vida daquele que é por muitos considerado o maior pensador da Antiguidade: Platão” (35).

Era uma ruptura, portanto, com a democracia.

Neste sentido, algumas rupturas e semelhanças da proposta platônica com a cidade de Atenas devem ser observadas, uma delas é a educação por meio da poesia. Se a cidade de Atenas já educava os seus cidadãos por meio da poesia e dos mitos, então, o que há de novo na proposta de Platão? A novidade no modelo educacional platônico se encontra não, de imediato, na forma, já que, como foi demonstrado, a forma de educação pelo mito e poesia constituía um ponto de continuidade. A novidade entre as duas sociedades está no conteúdo que os novos mitos e poesias deveriam apresentar. Ficando claro que os conteúdos educacionais são de fundamental importância para o desenvolvimento de uma sociedade, dado que cada sociedade perpetua, pelos meios que lhe são próprios, os valores que desejam.

O segundo ponto que merece ser observado é o fato de que, ao se distanciar da democracia ateniense de sua época, Platão se aproxima dos modelos presentes em Esparta. Neste sentido, o que se observa é o estabelecimento de uma ordem de guardiões que muito se assemelha à organização militar de Esparta. Pappas identifica tal semelhança e afirma: “O exército da cidade de Platão é de molde a lembrar a antiga Esparta, a qual Platão muito admirava, apesar da guerra da cidade a qual pertencia” (36). A identificação entre as duas cidades vai além da simples instituição de um exército, haja vista a própria educação dos cidadãos ser voltada para este fim. O próprio modo de vida dos guardiões parece ser inspirado no modo de vida comunal dos soldados espartanos. Sobre isto Jearge atesta:

Na vida dos Espartanos – nas suas refeições coletivas e na sua organização guerreira, instalada em tendas de campanha, no predomínio da vida pública sobre a privada e na estruturação estatal dos jovens de ambos os sexos e, finalmente, na rígida separação entre a população agrícola e a industrial ‘plepéia’ e os senhores livres, devotados só aos deveres citadinos, à prática guerreira e à caça – viu-se a realização consciente de um ideal de educação análogo ao que Platão propõe na República (37).

No que se trata da educação dos guardiões e governantes, a influência da educação espartana se torna mais evidente do que a ateniense. Isto se dá porque na Cidade Ideal ela passa a ser responsabilidade do governo, devido à necessidade de criar os seus cidadãos exatamente na crença e valores que se deseja perpetuar. Responsável pela educação, os educadores moldam as pessoas conforme desejam, rompendo com valores que lhes desagradam e implantando outros. Um exemplo disto é a situação da mulher.

Em Atenas a mulher era vista como um ser inferior ao homem e incapacitada de exercer os mesmo ofícios que eles (38). Platão, ao se aproximar dos valores espartanos, demonstra que as mulheres são seres capazes das mesmas realizações que os homens, ainda que em grau inferior. Isto se deve a crença de que as melhores mulheres se relacionado com os melhores homens gerariam indivíduos melhores. Todavia, é importante lembrar que essa também era a crença dos espartanos e que por isso eles admitiam que as mulheres fossem educadas tanto na música e poesia, quanto na ginástica e arte militar (39).

O terceiro ponto a ser considerado é o fato da educação na Cidade Ideal iniciar imediatamente após o nascimento. Logo ao nascer a criança deveria ser separada de sua família e ficar aos cuidados do governo. De modo que desde a infância ela seria educada na ginástica e música, para que pudessem ser formados cidadãos fortes e brandos, capazes de defender sua cidade bravamente e serem, ao mesmo tempo, passionais para com seus concidadãos (40). Platão chega mesmo a comparar o comportamento dos guardiões com o de cães, que ao passo que são brandos e protegem seus donos, atacam sem piedade aqueles que de alguma maneira ameaçar seus donos ou lar.

Pode-se ver, então, que a Cidade Ideal platônica não é fortemente influenciada pelos valores da cidade de Platão ou por Esparta, isto é, há algo que existe como referência para se criar algo novo. O que faz com que o novo não seja resultado somente de novos elementos, mas da disposição em que cada elemento, seja novo ou velho, se encontram, de modo a colabora para criação de uma nova sociedade, que é, simultaneamente, semelhante é diferente das já existentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Cidade Ideal platônica tem seu fundamento na educação, que ocorre por meio da formação pelo mito. Seu sistema educativo engloba a poesia, narrativa e ginástica. Ela foi projetada para ser uma educação duradoura, de forma que os melhores indivíduos, aqueles que atravessarem todas as etapas, estariam aptos a governarem e perpetuar os valores e crenças da cidade. Quando se compara a formação educativa dos dois grandes centros gregos com a nova proposta educacional platônica, se tornam perceptíveis os pontos de continuidade e ruptura que se estabelecem devido os objetivos a serem alcançados. Contudo, é importante observar estes pontos, uma vez que a forma educacional em si mesma não sofre grandes mudanças. Dado que a mudança mais significativa que pode ser encontrada entre o sistema educacional das cidades já existentes e a proposta por Platão diz respeito ao conteúdo.

Não só.

No que se refere à Esparta, sua educação, valorização da arte bélica e da visão e educação das mulheres são aceitas e implantadas também na Cidade Ideal platônica. Nesta conformidade, não é só daquilo que está imediatamente próximo que é usado como modelo para criar algo novo, mas também aquilo que, de algum modo, se contrapõe à primeira referência. O que se revela no fato de Esparta, que no período platônico era inimiga de Atenas, ter seus valores e costumes aceitos e utilizados no novo sistema educacional. Deste modo, se torna manifesto, por meio da análise entre os sistemas educacionais já formados e aquele proposto, que tem como objetivo formar um novo tipo de sociedade, que nenhuma forma educativa é oriunda somente de ideias. Pois sempre se tem como referência algo que já existe.

Diante do exposto, tem-se que é a configuração de cada elemento e seu papel no novo sistema educacional que formará o fundamento da nova sociedade. Assim, o conteúdo e a disposição de cada elemento possuem uma função capital. Dado que é o lugar que ocupará cada elemento já existente e o modo com que eles se ajustarão com os novos elementos introduzidos que fará com que exista, realmente, algo novo. Portanto, pode-se concluir que a novidade de uma sociedade está em como a semelhança e a diferença se relacionam, ou seja, no lugar em que cada elemento, seja novo ou velho, ocupará.

Bobagem.

Notas

1 Mestranda pela Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected]

2 PLATÃO. A República. Tradução, textos complementares e notas Edson Bini. São Paulo: EDIPRO, 2012. 606e.

3 Cf. JAEGER, Werner Wilhelm. Paidéia: a formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira; adaptação para a edição brasileira Monica Stahel. 3° Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 107.

4 Festa em homenagem ao deus Dioníso. Nesta festa ocorriam os concursos de comédia e tragédia.

5 As Guerras Médicas foram as guerras travadas entre Gregos e Persas no século V. a.C. Sobre as guerras médicas, Jaguaribe informa que “Xerxes, sucedendo seu pai Dario em 486, exige dos gregos o ato simbólico de submissão, oferecendo-lhe “terra e água”. Como a maioria dos Estados se tenha recusado a fazê-lo, Xerxes decide enviar uma poderosa expedição punitiva à Grécia, visando particularmente Atenas. Em 484 inicia seus preparativos, mobilizando, segundo Heródoto”, 1.700.000 homens”. JAGUARIBE, Helio. Introdução. In: TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Prefácio de Helio Jaguaribe; Trad. Do grego de Mário de Gama Kury. 4° Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasíia, 2001. p. XXVI.

6 A liga de Delos era um tratado de união entre as cidades-Estado gregas a fim de fortalecer suas forças e vencer os inimigos Persas. A líder da liga de Delos era Atenas, que exigia dos membros da liga uma contribuição em barcos, a fim de fortalecer a marinha ateniense. Posteriormente, a contribuição poderia ser dada em dinheiro.

7 JAGUARIBE. Op. cit. p. XXVIII.

8 Sobre o jugo de Atenas, Ver: TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Prefácio de Helio Jaguaribe; Trad. Do grego de Mário de Gama Kury. 4° Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.

9 Sobre a guerra do Peloponeso, ver o 1° livro de Tucídides, História da Guerra do Peloponeso.

10 Cf. POMPEU. Aristófanes e Platão: A justiça na polis. São Paulo: Biblioteca24horas, 2011.

11 Cf. PESSANHA, José Américo Motta. Introdução. In: Sócrates. (Os Pensadores). Nova Cultural, 1987.

12 Cf. PLATÃO. Op. cit. 606e.

13 Só aquele que fosse καλός καi αγαθός, isto é, Belo e Bom, possuía, verdadeiramente, a Areté.

14 Cf. JEARGE. Op. cit. p. 35.

15 PLATÃO. Protágoras. Tradução, textos complementares e notas Edson Bini. Bauro, SP: EDIPRO, 2007. 325c-d.

16 Nas comédias de Aristófanes pode ser visto meios que incitavam o povo a pensar na situação da cidade naquele período, um exemplo é a peça As Vespas, onde o autor mostra o estado vicioso em que se encontravam alguns cidadãos atenienses por meio da figura de Filocleon (o que ama Cléon), um homem que amava os tribunais e que vivia em função deles. Cf. ARISTOFANES. As Vespas. In: Eurípides e Aristófanes. Um drama satírico (O ciclope) e duas comédias (As rãs e As Vespas). Tradução de Junito de Sousa Brandão. Editora Espaço e Tempo. S/d.

17 Sobre isto, ver: As nuvens de Aristófanes e a Apologia de Sócrates de Xenofontes.

18 PESSANHA. Op. cit. (1987). p. 10.

19 JEARGE. Op. cit. p. 111.

20 No IV anexo da A Política, Aristóteles informa que havia, frequentemente, tentativas de insurreição por parte dos hilotas e que todos os vizinhos de Esparta eram seus inimigos. É dito: “Os tessálios sofreram freqüentemente insurreição de seus penestas e os lacedemônios de seus ilotas […]. Desde o começo, os lacedemônios tiveram como inimigos todos os vizinhos, os de Argos, os de Messênia e da Arcádia”. ARISTÓTELES. A Política. Tradução Roberto Leal Ferreura. 2° Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 287.

21 Algo que Aristóteles também põe em relevo no IV anexo da obra A Política, contudo, a põe como algo negativo, como algo que causou a ruína de Esparta, por estar longe de seus objetivos.

22 Sobre o papel das mulheres em Esparta, ver: TÔRRES. Moisés Romanazzi. Considerações sobre a condição da mulher na Grécia Classica (sécs. V e IV a.C.). In: Mirabilia: Revista Eletrônica de História Antiga e Medieval, N.1, 2001. Acessado em 21/01/2016. Em http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2226874

23 PAPPAS, Nickolas. A República de Platão. Tradução de Abílio Queiroz. Lisboa: Edições 70, 1996. p. 84.

24 Cf. PLATÃO. A República.Op. cit. 536d-540ª.

25 Op. cit. 377b.

26 Op. cit. 378d.

27 PLATÃO. Op. cit. 395c-d.

28 Os guardiões, na cidade ideal platônica tinham uma importância tácita, pois eles eram os responsáveis por proteger e garantir a ordem na cidade, não podendo nem ser agressivo demais com os seus concidadãos nem fracos para com os inimigos da cidade. Toda a educação e formação da cidade está pautada na formação e educação destes guardiões, de modo que os melhores seriam considerados aptos a governar a cidade, porque ultrapassariam mais um estágio da educação a eles destinada.

29 PLATÃO. Op. cit. 396d.

30 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução da 1° edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bossi; revisão da tradução e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti. 5° Ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 784.

31 Cf. PLATÃO. Op. cit. 414d-e.

32 Op. cit. 415a-b

33 Cf. PAPPAS. Op. cit. p. 149.

34 PLATÃO. Op. cit. 455d, 456a.

35 PESSANHA. Op. cit. (1987). p. 11.

36 PAPPAS. Op. cit. p. 83.

37 JEARGE. Op. cit. p. 112.

38 Tal opinião se torna muito perceptível na obra A Política de Aristóteles, quando este afirma que a faculdade racional das mulheres não é plena. Cf. ARISTÓTELES. Op. cit.. I, 1260ª-b

39 TÔRRES. Op. cit. p. 52.

40 “tudo isso tem por fim a produção de soldados instruídos, suficientemente experientes na cultura intelectual, para não tratarem selvaticamente os cidadãos inertes, nem polidos pela suavidade da comida e da música que se tornem incapazes de combater os inimigos da cidade”. PAPPAS. Op. cit. p. 90.

Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução da 1° edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bossi; revisão da tradução e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti. 5° Ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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ARISTÓTELES. A Política. Tradução Roberto Leal Ferreura. 2° Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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. Diálogos I: Teeteto (ou do conhecimento), Sofista (ou do ser), Protágoras (ou sofistas). Tradução, textos complementares e notas Edson Bini. Bauro, SP: EDIPRO, 2007.

POMPEU, Ana Maria César. Aristófanes e Platão: A justiça na Pólis. São Paulo: Biblioteca24horas, 2011.

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TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Prefácio de Helio Jaguaribe; Trad. Do grego de Mário de Gama Kury. 4° Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.

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